Número de motoentregadores deu um salto nos últimos anos e impactou no rendimento do profissional que atua no transporte de mercadorias e alimentos
Texto: Rafaela Foggiato
Quem trabalha com moto no setor de delivery de mercadorias e alimentação viu a concorrência aumentar bastante nos últimos anos. O serviço de atendimento “sob demanda” atraiu muita gente em busca de uma alternativa de renda, especialmente durante a pandemia quando houve uma escalada no nível de desemprego.
Se em 2016 o segmento contava com cerca de 25 mil motociclistas nas ruas, hoje são mais de 322 mil profissionais indo e vindo no trânsito brasileiro, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O resultado é uma divisão maior no número de saídas para entrega, impactando no ganho desses trabalhadores, que, na maioria, são autônomos.
Dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos) revelam uma perda de rendimento de R $220,00 em média. Atualmente, a remuneração mensal de um motoentregador é de R$ 2 mil, mas pode chegar a R$ 3,5 mil dependendo da empresa que contrata o serviço e da região do país que atua.
Para não correr o risco de ver os ganhos encolherem ainda mais e manter a lucratividade em tempos de alta concorrência no setor, uma das alternativas é focar, principalmente, nas características da moto e no cuidado com a revisão periódica.
Preço acessível e fácil manutenção
Kaio Cesar Ribeiro, chefe de Oficina da Honda Blokton, explica que a motoentrega é uma atividade que exige modelos de baixa cilindrada. As vantagens estão no preço relativamente acessível, melhor consumo, agilidade e praticidade no trânsito, fácil manutenção e peças com custos menores.
“A linha CG, com as opções Start 160, Fan 160 e Titan 160, são as mais procuradas. Há também quem prefira opções com suspensão que proporcionem mais conforto na pilotagem, como é o caso da Bros 160 e da XRE 190”, exemplifica o especialista da maior rede de concessionárias de motos no Paraná.
Aliada à escolha pelo modelo ideal está a revisão periódica, classificada pelo chefe de oficina como de extrema importância para quem passa o dia todo nas ruas em cima da motocicleta.
Segundo Kaio César, o cuidado preventivo reduz sensivelmente o risco de acidentes. Isso se traduz em maior segurança, além de evitar gastos desnecessários com a reposição de peças do veículo e que ele fique parado na oficina para o conserto, impedindo o profissional de trabalhar. “Itens como freios, pneus, suspensão, direção e parte elétrica precisam funcionar perfeitamente. E, a manutenção minimiza em muito a chance de um desses itens falhar”, ressalta.
A revisão garante ainda o prolongamento da vida útil da moto e dos seus componentes, eliminando despesas inesperadas em manutenções corretivas. Caso contrário, todo o lucro obtido no trabalho pode acabar comprometido.
Renovação da moto a cada dois anos e meio
Motoboy há mais de uma década, o paranaense Charles Yorlo, 34 anos, conhece bem essa receita e os benefícios financeiros que ela traz para o bolso. “Eu sempre trabalhei com a linha de motos de 150 a 160 cilindradas, por serem bem mais econômicas no consumo e na aquisição e oferecer uma manutenção bem mais em conta que um modelo maior”, destaca o morador da cidade de Araucária, localizada na Grande Curitiba.
A cada mil quilômetros rodados ele estaciona sua ferramenta de trabalho na oficina da concessionária Blokton, no Pinheirinho, para a troca regular do óleo lubrificante. Costuma ir às segundas-feiras logo pela manhã para ser um dos primeiros no atendimento e assim seguir o dia sem perder tempo.
“A minha moto fica parada de 30 a 40 minutos no máximo para realizar esse serviço e verificar os freios e a lubrificação da relação (coroa, pinhão e corrente). Também a cada 10 mil km faço a substituição dos filtros de ar e de combustível”, diz Charles, que tem um histórico quase zero de imprevistos mecânicos nos modelos que já pilotou.
E não foram poucos! Simplesmente 14 exemplares ao longo de 11 anos de profissão. A quantidade elevada tem uma justificativa: a renovação da motocicleta a cada dois anos de uso. É o tempo suficiente para realizar somente as manutenções básicas, que não pesam tanto no orçamento.
O gasto médio mensal de Charles com revisão está na casa dos R$ 200. O custo maior acaba ficando com combustível – média R$ 850 ao mês. Mas, as boas condições de conservação permitem que a sua moto faça de 30 a 40 km com 1 litro de gasolina.
“Quando eu virei a chave de rodar sempre com uma moto mais nova, o custo com o cuidado periódico deixou de ser caro. E, aí você não quer voltar mais. Ao atingir 40 a 50 mil quilômetros, eu já começo a preparar a troca por uma zero”, diz o moto-entregador, que nas duas últimas renovações investiu num modelo um pouco mais forte, uma Honda Twister 250 cc.
Com ela, ele consegue conciliar a entrega de peças para outras cidades, como Paranaguá (PR), Florianópolis (SC) e interior de São Paulo, que são bem mais rentáveis, com passeios e viagens ao lado da esposa.
“Por ela ter um motor mais potente, acabo usando apenas 50% da sua capacidade, sempre rodando abaixo dos limites de velocidade. Além de preservar os componentes, ganho em economia no consumo”, dá a dica.
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